O índice de abstenções em Mato Grosso é o maior desde as eleições de 1998, quando 29% (439.757) dos eleitores não compareceram às urnas. Naquele ano, o eleitorado mato-grossense era superior a 1,5 milhão. Na votação de ontem (7), quando 2,3 milhões estavam aptos a votar, 24,56% (572.006) não compareceu.

Com o número expressivo, Mato Grosso foi o Estado com maior porcentagem de ausentes nas seções eleitorais. Um em cada quatro eleitores deixou de votar. Além disso, o Estado ficou acima da abstenção nacional, que foi de 20,3%, ou seja, 30 milhões de eleitores.

No Estado, as abstenções seguem uma linha crescente desde 2002, ano em que mais de 1,7 milhão estavam aptos a votar. Naquela eleição, 390 mil se abstiveram. Em 2014 (2,1 milhões aptos), pouco mais de 500 mil não exerceram o direito.

Análise

O analista político João Edisom acredita que a abstenção esteja relacionada com ao valor econômico da população. Cada vez mais, segundo ele, os cidadãos estão precisando menos do Estado. “O governo é importante para quem necessita dele. Para quem não se utiliza do Estado, ele é atrapalhador. Em Mato Grosso, os valores financeiros são um pouco melhores do que em outros Estados”.

João Edison explica ainda que em 1998 houve problema no cadastramento do título de eleitor. “Havia município que tinha mais eleitor do que morador, então não vejo como referência”.

Segundo turno

O analista político acredita que a tendência é que os índices de abstenção, bem como os votos brancos e nulos, que neste primeiro turno chegou a 325.854 (18,54%), aumentem na disputa presidêncial entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). “Pra quem não quer pagar multa, votará branco ou nulo. Já quem não votou em nenhum dois dois presidentes  terá dificuldade em votar de novo”.