Tragédia no Museu Nacional é alerta para a história de MT que está “abandonada”

3 de setembro de 2018 - 18:50 | Postado por:

Os museus de Cuiabá correm muito mais riscos de perder seus acervos do que o Museu Nacional do Rio de Janeiro, que foi destruído por um incêndio na noite deste domingo (2). A perda provocou o lamento de autoridades (políticas e artísticas) nacionais. A afirmação é do ex-presidente da Academia Mato-grossense, o advogado e intelectual Eduardo Mahon.  “O que aconteceu no Rio é uma perda irreparável e ainda não se sabe o estopim do incêndio. Porém, a infraestrutura dos nossos museus está muito mais exposta”, compara.

Assessoria

Igreja da Boa Morte

Empresário sensível ao abandono da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte tenta pintá-la, encontra entraves e expõe faixa na frente do prédio para denunciar

Eduardo Mahon

abandono Casa Bar�o

Acervo da Casa Barão, na rua Barão de Melgaço, está em risco: material espalhado e no chão

Para o empresário Marco Antonio Vieira Jorge, conhecido como Totonho, que tenta concluir a pintura da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, mas foi barrado pela Secretaria de Estado de Cultura (SEC), o caso deve servir de alerta para as autoridades. “Neste momento é importante lembrar que não é só o fogo que destrói. O descaso é mais uma causa de destruição da nossa memória”, postou  nas redes sociais. “O post foi compartilhado por muitos influenciadores e já teve mais de 1 milhão de interação. O caso é muito sério”, afirma.

O que aconteceu no Rio é uma perda irreparável e ainda não se sabe o estopim do incêndio. Porém, a infraestrutura dos nossos museus está muito mais exposta

Eduardo Mahon, ex-presidente da Academia de Letras de MT

Segundo Eduardo Mahon, a Gestão Taques trouxe uma política empresarial para a cultura e  colocou na mão de empresas os equipamentos culturais, sem nenhuma exceção, inclusive a Orquestra do Estado. “Ele cortou R$ 17 milhões do orçamento da Secretária de Estado de Cultura e o resultado disso é que oito museus estão fechados ou inativos. Desses, seis são de responsabilidade do Estado. Está tudo absolutamente abandonado”, aponta.

Mahon também fez críticas nas redes sociais. “Doeu em você ver o Museu Nacional queimando? Você sabia que temos oito museus fechados em Mato Grosso, com peças raríssimas, de valor inestimável? Você sabia que o mais raro acervo intelectual do Estado está no chão? Pois bem: teremos que deixar queimar em Mato Grosso, antes de responsabilizar o Sr. Governador Pedro Taques pela continuidade do fechamento dos museus? Parece que só nos comovemos com a tragédia completa…”, escreveu.

Face

Museu Rondon

Museu Rondon, em Mimoso, na entrada do Pantanal Mato-grossense, seria importante referência para turistas sobre a cultura de MT, mas está fechado

Em um segundo post, Mahon mostrou fotos da Casa Barão de Melgaço e desabafou: “Assim está o mais rico acervo literário de MT. Na Casa Barão de Melgaço, enganada pelo atual governador Pedro Taques que nos tirou a possibilidade de alugar um prédio anexo. Ele prometeu uma grande biblioteca a fim de que pudéssemos preservar grandes documentos de Rondon, de Melgaço e todo o mais raro acervo da literatura mato-grossense desde o século XIX. Chore! Mas chore por nós!!!”.

A arte de Mato Grosso precisa de espaço

Ruth Albernaz, pesquisadora em Cultura

Pesquisadora em Cultura, doutora em Biodiversidade Amazônica e artista visual com espaço de arte na Praça da Mandioca, Ruth Albernaz informa que há um movimento de artistas e intelectuais que pedem a reabertura dos museus desde o ano passado por meio de uma petição on line, que precisa de apoio. “A arte de Mato Grosso precisa de espaço, os artistas de Mato Grosso do olhar público e esta petição pode auxiliara nesta busca”, afirma Ruth.

Ruth cita a página do facebook SOS Museus MTque traz a situação de cada equipamento público em Cuiabá. Entre eles o Museu de Arte Sacra de MT (MASMT): Fechado; Museu de Arte de MT: Fechado; Galeria Lava Pés: contratação não oficializada; Museu Histórico: contrato suspenso; Residência dos Governadores: espaço destinado, sem consulta pública, a Comissão Cuiabá 300 anos; Museu Rondon: fechado; Museu da Pré-História/ Casa Dom Aquino: aberto em precárias condições; e Palácio da Instrução: fechado.

Gestores culturais dizem que não há como não colocar a culpa do abandono dos museus de Mato Grosso em governos passados. Dizem que Blairo Maggi (gestão 2003 a 2010) reformou o Cine Teatro, a Casa Brasil, e o MT Fomento reformou a Casa dos Governadores e o Museu de Arte Moderna. Maggi  investiu na Praça da Mandioca, recuperou madeiras da igrejas do Bom Despacho, e São Benedito/ Rosário, que pode voltar a ter eventos. “Por mais que na época que a gente brincava que Maggi era um pau rodado que gostava mais de Florianópolis do que de Mato Grosso, ele e o secretário de Cultura João Carlos Ferreira foram exemplares na época”, defende Mahon.

“Quando o Silval Barbosa assumiu não investiu muito na questão do patrimônio, já estava mais ou menos preservado, mesmo assim manteve investimentos pequenos. Só que veio o Taques e abandonou tudo. Esse governo não gosta de artistas e nem de intelectuais, pois eles sabem criticar”, conclui.

 pediu uma posição do Governo do Estado, que ficou de emitir nota, mas não fez isso até o fechamento desta matéria.

Às 16h00 – Secretaria de cultura emite nota afirmando estar empenhada na reabertura dos museus

Confira a nota na íntegra

Desde abril de 2018, a SEC está empenhada na reabertura dos museus. O secretário de Estado de cultura, Gilberto Nasser, está tomando todas as providencias possíveis para reabrir os museus ainda em 2018. Para Residência dos Governadores e Museu Histórico, a reabertura está programada para outubro. O secretário reitera que está e sempre estive à disposição de toda a sociedade para prestar qualquer tipo de esclarecimento.
Nasser informa ainda que semanalmente, uma equipe especializada da SEC formada por arquitetos, engenheiros civil e eletricista, historiadores, além de um profissional conservador restaurador, seguindo padrões internacionais de acervos museológicos (Instituto Canadense de Conservação e o Icom e Icrom), garantem a integridade dos acervos de cada museu.

http://www.rdnews.com.br/cidades/tragedia-no-museu-nacional-e-alerta-para-a-historia-de-mt-que-esta-abandonada/104688

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