Vereador eleito com 41 votos e outros 8 colegas recebem apenas salário mínimo

10 de novembro de 2018 - 09:57 | Postado por:

Um vereador eleito com 41 votos. Parlamentares que recebem um salário mínimo. Gasto de menos de R$ 700 na campanha. Estas informações podem parecer reais apenas em um mundo distante. Porém, esta é a realidade da cidade de Araguainha, menor colégio eleitoral de Mato Grosso.

O município, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deste ano, possui 948 pessoas aptas a votar. Em anos anteriores, a cidade era a que tinha o menor eleitorado em todo o Brasil. Neste ano, porém, perdeu o título para o menor município do Brasil, Serra da Saudade (MG), que tem 941 eleitores.

Ganhei mesmo porque as pessoas confiam em mim e me queriam no parlamento. Deus me ajudou. Primeiramente agradeço a ele e depois aos meus amigos

Heronias, eleito com 41 votos

O prefeito de Araguainha, Silvio José de Morais Filho, o Silvinho (PSD), foi eleito com 523 votos, que representaram 58,96% do total. O segundo colocado teve 364 votos. Silvinho é motorista concursado da Prefeitura do Município. Desde que foi eleito para ocupar o Executivo Municipal, em outubro de 2016, se licenciou do cargo.

Na disputa de dois anos atrás, também foram eleitos os nove vereadores do Município. Ao todo, 21 pessoas disputaram uma vaga na Câmara de Araguainha. O mais votado, Manoel Clemente Filho, o Manezinho (PSD), teve 91 votos. Já o menos votado, Heronias Teixeira de Souza (PSDB), teve apenas 41 votos.

Heronias relata ao  que teve dificuldades para angariar todos os votos que conseguiu para se eleger. “Por aqui, é muito difícil conquistar 41 votos. Não foi uma tarefa fácil”, diz. Segundo ele, o maior empecilho foi a falta de familiares na região. “Tenho apenas dois filhos e a minha esposa por aqui, então tive que contar com a ajuda de meus amigos e conhecidos”, declara.

Reprodução RDNewsQuadro política

Quadro mostra Câmara Municipal, onde ocorrem sessões, e números da política local, alguns deles impressionam como o número de votos dos eleitos

O vereador gastou R$ 687 na campanha. Ele trabalha como vigilante na Prefeitura da cidade e mantém o emprego em paralelo com a carreira parlamentar. “Faço as duas funções em horários diferentes. No período da manhã estou na Câmara e à noite trabalho como vigia”, explica.

Para ele, a vitória na disputa eleitoral foi uma conquista concedida por Deus. “Ganhei mesmo porque as pessoas confiam em mim e me queriam no parlamento. Deus me ajudou. Primeiramente agradeço a ele e depois aos meus amigos”, declara.

Salário mínimo

A cidade tem como renda os repasses de R$ 11 milhões, recurso oriundo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Segundo a Prefeitura, a arrecadação própria do município é correspondente a pouco menos de R$ 15 mil. Em razão dos recursos do município, o

Não dá para sobreviver somente com salário mínimo e por isso todos temos outras funções

Presidente da Câmara, Adiel

Reprodução RDNews

Especial Araguainha, a cidade do meteoro

Vereador Adiel Alves Filho, o Adiel, presidente da Câmara de Araguainha

Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou que os valores pagos aos parlamentares não ultrapassassem um salário mínimo, atualmente correspondente a R$ 954,00. O prefeito recebe em torno de R$ 7 mil, além do R$ 7 mil de verba indenizatória.

Presidente da Câmara Municipal de Araguainha, o vereador Adiel Alves (PRB) comenta que todos os vereadores têm outras ocupações, além do cargo político. “Não dá para sobreviver somente com esse valor”, diz ele, que também possui uma pequena produção rural.

“Um fato que reduz os recursos da Câmara é que temos nove servidores concursados, quando na verdade poderíamos ter apenas dois, um secretário e um auxiliar”, acrescenta.

Os parlamentares da cidade não têm verba de gabinete nem funcionários. “Não tem como termos nada disso. Já cogitamos até fazer renúncia do salário, para podermos fechar as contas dentro do limite prudencial de gastos”, declara Adiel.

Para o presidente da Câmara, oposição ao prefeito, hoje o município vive uma fase precária. “A região é movida a pecuária, mas isso não dá emprego, porque uma propriedade pode funcionar com dois ou três peões. Se houvesse agricultura, estaríamos em situação melhor e geraria mais emprego, porque as produções poderiam ser maiores”, diz.

Disputa na AMM

Prefeito de Araguainha, Silvinho planeja disputar a presidência da Associação Mato-Grossense de Municípios (AMM) em sete de dezembro. Ele disputará com o atual presidente da entidade, Neurilan Fraga.

Para Silvinho, este é o momento de alternar o poder da AMM. “O Neurilan está no poder há muitos anos. É um excelente presidente, mas o problema é que ele está fora do mandato há algum tempo. Alternância de poder é muito importante. A pessoa não pode ficar seis anos no poder em uma entidade que representa os prefeitos. Devemos dar oportunidade para outros”, declara.

Ele acredita que o fato de ser prefeito da menor cidade do Estado não deve ser encarado como demérito na disputa pela AMM. “Por mais que alguns enxerguem esse fato como ruim, não é verdade. Eu vejo de outro modo. Acredito que isso seja uma vantagem maior. No momento, há muitos prefeitos somando com a gente e nos apoiando”, afirma.

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