A culpabilização de pequenos agricultores, andarilhos, indígenas e assentados por parte de alguns políticos, como os governadores Mauro Mendes (UB-MT) e Ronaldo Caiado (UB-GO), é frequente no debate sobre as queimadas na Amazônia Legal, Cerrado e Pantanal. Ignoram os interesses e os impactos causados por grandes proprietários de terras e grupos do agronegócio ao meio ambiente.
Cientistas, pesquisadores do INPE e organizações não governamentais (ONGs) sérias têm frequentemente documentado que grande parte das queimadas é incentivada por grupos ligados ao agronegócio, que buscam expandir a fronteira agrícola, especialmente para a criação de gado e o cultivo de soja. Esses incêndios são, em muitos casos, intencionais e têm o objetivo de desmatar áreas protegidas ou reservas legais para aumentar a produção.
Os pequenos produtores não têm a capacidade de gerar destruição em grande escala. Além disso, suas atividades agrícolas são, em muitos casos, mais sustentáveis e focadas em subsistência.
O motivo pelo qual alguns políticos não mencionam ou minimizam a responsabilidade do agronegócio, apontam para interesses econômicos e políticos que os ligam a grandes produtores rurais e empresários do setor agropecuário. O agronegócio é um dos principais motores da economia de estados como Mato Grosso e Goiás, e há uma relação histórica entre o poder político e esses grandes setores.
Essas justificativas frágeis oferecidas pelos governadores muitas vezes não convencem a população, especialmente quando há evidências claras de que alguns grandes proprietários de terras são os maiores responsáveis pelos incêndios. Isso cria uma desconexão entre o discurso oficial e a realidade observada por cientistas, pesquisadores e a própria população que vive nas áreas afetadas.
A responsabilidade pelo combate às queimadas precisa ser compartilhada, mas com um foco especial nas atividades ilegais e insustentáveis promovidas por grandes produtores, cujos interesses muitas vezes conflitam com a preservação ambiental.
Caldeirão Politico