Novamente o Supremo Tribunal Federal – STF entra no alvo de uma das alas mais raivosas da política nacional, a anti-Lula. Especialmente os ministros Dias Toffoli, presidente da alta corte e que deu o voto decisivo contra a prisão por condenação em segunda instância, nesta semana, mas também o relator da referida matéria, Marco Aurélio Mello, além da ministra Rosa Weber e dos ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello, terão problemas se entrarem em um avião comercial ou decidirem andar pelas ruas.
O povo tem direito, mesmo com opinião majoritariamente rasa sobre o assunto, de criticar? Claro que sim, mas isso deve ter limites e deveria ter um olhar mais abrangente. A “bola” da prisão ou não em segunda instância está quicando há anos e o Congresso Nacional não deu conta de avançar com um projeto para definir isso. Acontece que para qualquer pessoa que acompanhe minimamente a rotina do parlamento nacional, a única verdade que existe é: só se avança o que é de interesse, claro que aqui não se trata do popular.
Parlamentar agora que reclama e faz coro com a demagogia popular contra o STF, na verdade, brinca com a cara da população. Bastaria deixar só um pouco de pensar nos projetos políticos pessoais que o trabalho desta semana dos ministros não haveria de existir. A verdade é que tudo não passa de teatro, onde a única parte sincera da relação quanto a suas vontades é o povo. Tem deputado e senador nesta e nas legislaturas anteriores (não seremos levianos de apontar que são a maioria, mas deve ser) que simplesmente nunca teve e nunca terá interesse algum em endurecer penas para condenados.
Um sistema protelatório apazigua os nervos, mantém a “unidade” entre os poderes. Dentro deste contexto, é muito mais negócio deixar o STF fazer o trabalho sujo, se juntar aos eleitores no seu grito de revolta e ter o que se almeja dos dois lados. Isso inclui a própria soltura de Lula. Muitos que dizem publicamente serem contra o petista, provavelmente porque precisaram se juntar a Jair Bolsonaro (PSL) e fazer discurso moralista para sobreviver na política, estarão entre os primeiros a ligar para o ex-presidente quando ele, em breve, sair da jaula.