Aquadrilha que invadiu uma fazenda e sequestrou o pai do prefeito de Jangada, Rogério Meira, estava em busca de dinheiro advindo de uma emenda parlamentar de R$ 28 milhões recebida pela Prefeitura. As informações foram confirmadas nesta terça (21) pelo delegado Antenor Pimentel, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).

O sequestro de Edson Joel Meira, de 57 anos, aconteceu em outubro do ano passado. Em julho, o ministro de Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), ocupando cadeira de senador, enviou R$ 28 milhões à Jangada em emenda parlamentar do Senado via Pix, que não tinha destinação prévia definida.

“Essa é a versão deles. Falaram que o objetivo era o dinheiro de emenda, mas não souberam explicar como pretendiam subtrair esse dinheiro. Alguém passou essa informação para eles e eles miraram nessa emenda”, esclareceu o delegado.

Nesta terça, a Polícia Civil deflagrou a segunda fase da Operação Efeito Dominó, para cumprir 10 mandados de prisão preventiva contra os investigados. Oito deles já estavam presos temporariamente desde abril, quando a GCCO deflagrou a primeira fase da operação. Agora a prisão foi convertida. Dois estão foragidos.

Segundo a investigação, o crime foi compartimentado e nem todo mundo sabia o que ia acontecer, já que as pessoas eram chamadas separadamente. O líder que planejou o sequestro é um presidiário da Penitenciária Central do Estado (PCE) e é membro do Comando Vermelho, tendo contratado o recrutador da cadeia.

“O presidiário, líder da quadrilha, entrou em contato com um recrutador de fora da cadeia, que ficou responsável por articular a logística do crime. Esse recrutador conseguiu alguém para fornecer o cativeiro e essa pessoa indicou um disciplina do bairro Mapim para fornecer os executores”, explicou.

Três executores foram indicados por esse disciplina para irem até a fazenda, cometer o roubo, amarrar as vítimas e sequestrar o dono da fazenda. Junto com o trio, o dono do cativeiro foi até o local para a execução do sequestro. Enquanto isso os articuladores estavam responsáveis por trocar os carros no meio do caminho.

“Era um esquema então com mandante, recrutador, disciplina, executor e ponteiro. Todos confessaram, mas eles omitem muitas informações, inventam, então há muita coisa que ainda não está 100% esclarecida”, disse o delegado.

Apesar do alvo na emenda, a quadrilha não conseguiu levar o dinheiro, tendo roubado pertences pessoais e eletrônicos como notebook e celular das vítimas.

Caso

O crime aconteceu em 22 de outubro de 2023. A fazenda foi invadida durante a madrugada e todos os funcionários foram amarrados. Durante a ação, segundo o registro, os suspeitos diziam que queriam apenas Edson, mas ele não estava na propriedade.

Os criminosos ficaram aguardando o proprietário, que chegou na fazenda ao amanhecer. Em seguida, Edson Joel Meira foi colocado em seu veículo e levado a um cativeiro, de onde os suspeitos passaram a exigir a familiares o resgate para liberação da vítima.

Durante as primeiras diligências para esclarecer o crime, a equipe da GCCO localizou o pecuarista nas proximidades da comunidade Rancharia, em Nossa Senhora do Livramento. A vítima conseguiu escapar do local onde foi mantida em cativeiro e caminhou até a comunidade, onde a equipe da GCCO a encontrou.