Após morte de bebê, promotor faz desabafo em ofício

29 de março de 2018 - 15:03 | Postado por:

Em um ofício encaminhado ao procurador de Justiça Paulo Prado, o promotor de Peixoto de Azevedo, Marcelo Mantovani Beato, fez um desabafo indignado pela morte de um bebê na cidade, supostamente por falta de leito de UTI.

 

O recém-nascido Henry morreu na quarta-feira (28) no Hospital Regional do Município.

 

No documento, Beato diz que Peixoto de Azevedo, assim como outras cidades do Estado, sofre com a falta de recursos para a Saúde.

 

O bebê Henry nasceu na segunda-feira (26) em Guarantã do Norte (709 km de Cuiabá) e foi transferido para o Hospital Regional de Peixoto devido a problemas respiratórios.

 

“[…] Enquanto redigia este mesmo ofício pedindo a atuação extrajudicial de Vossa Excelência, recebi um comunicado curto, mas igualmente desconcertante, com os seguintes dizeres: ‘Não precisa mais ele faleceu hoje de manhã’”, diz trecho do documento.

 

A mensagem, segundo o promotor, foi enviada a ele pelo pai do bebê Henry na quarta-feira (28), data em que o documento seria encaminhado à Procuradoria.

 

Desde a chegada do bebê à unidade hospitalar, ele estava sobrevivendo com ventilação manual, enquanto aguardava vaga para uma UTI neo natal no Estado.

 

“Mesmo com o ajuizamento de demanda pelo Ministério Público Estadual e com o deferimento do pedido de tutela de urgência pelo Poder Judiciário, além das várias ligações aos órgãos de regulação estadual, a vaga não foi providenciada”, alega.

 

O promotor então alfineta o Governo e diz que o Executivo gasta um montante para custear propagandas, contudo não investe na Saúde.

 

“Henry, infelizmente, não pode vivenciar a “transformação” que esse Estado tanto propaga em suas campanhas publicitárias, abastecidas com milhões de reais oriundos do erário, mas sem recursos para adquirir um respirador automatizado ou providenciar a abertura de novos leitos de UTI Neonatal”.

 

“Um Estado que se orgulha dos números crescentes da economia, das lideranças nos rankings de produção e de tantos outros índices financeiros, porém incapaz, sabe-se por quais motivos, de garantir um mínimo de dignidade no tratamento de saúde de crianças e adolescentes pobres, prescrito pelos próprios representantes do Estado”, afirma promotor em ofício.

 

Ele ainda diz que orientará a família de Henry a ingressar com processo judicial contra o Governo do Estado.

 

O outro lado

 

Em nota o Governo de Mato Grosso lamentou a morte do recém-nascido e afirmou que “tentou, sem sucesso” um leito nas UTIs da região.

 

O Estado ainda reconheceu a falta de leitos para as UTIs Neonatal e Infantil e diz que atualmente dispõe de cerca de 550 leitos.

 

Confira nota na íntegra

 

O Governo do Estado de Mato Grosso lamenta a morte do recém-nascido Henry, ocorrida nesta quarta-feira (28.03), na cidade de Peixoto de Azevedo. Henry nasceu no dia 26.03 em Guarantã do Norte e foi transferido no mesmo dia para o Hospital Regional de Peixoto de Azevedo devido a um problema respiratório. Naquela unidade hospitalar, o recém-nascido foi imediatamente entubado e o médico solicitou a internação dele em uma UTI neonatal nos hospitais da região. A Secretaria de Estado de Saúde tentou, sem sucesso, uma vaga em UTI neonatal no hospital de Tangará da Serra.

 

A UTI aérea foi acionada para fazer a transferência assim que fosse possível obter uma vaga em UTI neonatal. No entanto, o quadro respiratório se agravou e o recém-nascido faleceu às 6h30 desta quarta-feira, antes de sua transferência para outra unidade hospitalar.

 

A Secretaria de Estado de Saúde informa que atualmente cerca de 550 leitos de UTI recebem financiamento do Governo do Estado e que suas equipes realizam um rastreamento intenso em busca de leitos vagos de UTI sempre que há demandas reguladas. Entretanto, ainda existe no Estado um gargalo de ofertas de leitos de UTIs, principalmente infantil e neonatal.

 

A Secretaria de Estado de Saúde ressalta ainda que não tem medido esforços para melhorar a rede pública de saúde e tem colaborado com as prefeituras no custeio de UTIs, média e alta complexidade, atenção básica, farmácia e Unidades de Pronto Atendimento (UPA). 

 

Informo que assim que passado o luto inicial da família, e a vergonha deste signatário, reunir-me-ei com os familiares da criança HENRY para orienta-los a ingressarem com demanda reparatória contra o Estado de Mato Grosso.

 

Fonte: Midia News

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