Lista suja do trabalho escravo aponta 13 propriedades rurais em Mato Grosso

18 de janeiro de 2019 - 09:01 | Postado por:

Lista suja do trabalho escravo é composta por 13 propriedades rurais de Mato Grosso. O dado, atualizado pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), do Ministério da Economia, traz ainda 92 pessoas encontradas em situação análoga à escravidão nas propriedades listadas no Estado. Comparando com a última lista, divulgada no ano passado, Mato Grosso aumentou o número, em 2018 eram 11 propriedades e 72 pessoas em situação de escravidão. A chamada “lista suja” do trabalho escravo reproduz o cadastro de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão.

As fazendas estão localizadas em Santo Antônio do Leverger, Chapada dos Guimarães, São Félix do Araguaia, Itiquira, Poxoréu, Sorriso, Maputá, Paranaíta, Paranatinga, Nova Santa Helena e Itanhangá. Os maiores registros de trabalho análogo à escravidão estão na Fazenda Cachoeira, em Itiquira, de propriedade de Lucas Willian Frares, com 12 trabalhadores em situação de escravidão. Fazenda Boa Esperança, em Matupá, de João Fidelis Neto, com 15 trabalhadores; e na Fazenda Ariranha e Fazenda Flor da Mata, zona rural, Nova Santa Helena, do empregador Rio Pocinho Mineradora, com 20 trabalhadores em escravidão. Um dos empregadores que aparece na lista, o pecuarista Natal Bragatti chegou a receber em 2012 o título de cidadão mato-grossense na Assembleia Legislativa devido as benfeitorias.

O coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Mato Grosso, Cristiano Cabral confirma que ao longo dos anos a lista suja tem mostrado concentração na zona rural e na maioria das propriedades as atividades. As atividades com situações de escravidão estão ligadas ao agronegócio e abertura para plantações. “É preocupante o crescimento desta condição. Podemos constatar que no Estado os setores que mais registram casos de trabalho escravo são a pecuária, seguida da soja, mineração, algodão, carvoaria e reflorestamento. São na maioria atividades rurais e voltadas ao agronegócio”, complementa.

Cristiano frisa que a lista suja traça um perfil de como se dá o trabalho escravo criando o perfil do sujeito e do local da escravidão. Com isso, segundo o coordenador da CPT, é possível fazer um trabalho de prevenção. “O que temos hoje é uma grande permissividade. As pessoas quando são pegas nesta prática pagam os direitos trabalhistas e fica por isso. A possibilidade de sair ganhando quando se escraviza é muito grande. Não vemos possibilidade de mudanças e severidade quanto à esta situação”, diz Cristiano.

O presidente da Comissão de Direito do Trabalho, Marcos Avallone explica que o trabalho análogo a escravidão está caracterizado quando interfere no direito de ir e vir da pessoa. “Por exemplo, numa fazenda, o empregado é cobrado pelo que consumiu e os valores cobrados pelo patrão são muito altos. A pessoa fica presa ao que consumiu e o patrão impede de ir embora enquanto não quitar a dívida”, explica.

Levantamento   

Dados do Ministério do Trabalho divulgado em outubro do ano passado apontam que Mato Grosso é o terceiro estado em resgate de trabalhadores em situação análoga a escravidão. Foram 128 trabalhadores resgatados ano passado. O Estado fica atrás do Pará com 129 registros e Minas Gerais com 754.

Em todo o país os auditores-fiscais do Ministério do Trabalho encontraram 1.246 pessoas em situações análogas a de escravo no mesmo período. O número já é 93% maior do que o registrado em todo o ano passado (645). As três atividades que mais registraram casos de trabalho escravo foram a criação de bovinos, o cultivo de café e a produção florestal (plantio de florestas).

Fonte: Gazeta Digital

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