Mato-grossense presa na Venezuela relata estado de pânico

27 de fevereiro de 2019 - 15:58 | Postado por:

A mato-grossense Luciana Antonia Duarte, 47, está presa na Venezuela sem poder retornar ao Brasil em razão do fechamento da fronteira, ato decretado pelo presidente bolivariano Nicolás Maduro. Ela toma remédios controlados para diabetes e hipertensão e só tem medicamento para os próximos 5 dias.

Em entrevista ao Gazeta Digital, Luciana contou que nasceu em Jaciara (144 km ao sul da capital) e deixou dois filhos em Cuiabá, um homem de 24 e uma mulher de 26 anos. Ela está há pouco mais de um mês no país vizinho. Lá, viaja para trabalhar como mascate em um vilarejo no município de El Dourado, distante 80 km de Santa Elena do Uairén, cidade que concentra o fluxo de ataques e confrontos na divisa com o Brasil. 

“Eu moro em Boa Vista (Roraima) e já estou aqui dentro há um mês e pouco. Eu tomo remédio controlado para diabetes, para pressão alta e estamos todos em pânico. Um dos remédios que tomo não é cedido pelo governo, é comprado. Com a fronteira fechada, nada está chegando aqui”, explicou.

Brasileiros que aguardam para deixar o país, assim como Luciana, estão se refugiando no consulado. Situação é precária. Muitos turistas que faziam compras ou visitavam amigos também ficaram presos. “Os brasileiros estão ficando tipo ‘prisioneiros’ no consulado. Tem gente lá com 12 dias sem comida, água e sem poder retornar ao Brasil. Só sai aqueles que já estão praticamente morrendo. Não vou para lá porque está muito perigoso. Se tiver qualquer ataque, os primeiros a morrer são os que estão lá”, afirmou.

Mato-grossense teme ainda a falta de alimentos na comunidade onde reside. Maduro antecipou tentativa de envio de caminhões com suprimentos e medicamentos, efetivando o bloqueio na fronteira. “Estamos vendo, se a situação permanecer assim, daqui 15 dias vamos passar fome, mesmo tendo dinheiro pra comprar comida, porque está acabando tudo. Os alimentos vinham do brasil e com a fronteira fechada não está chegando nada”, finalizou.

Representação diplomática brasileira aguarda agora um comunicado de Caracas para iniciar o traslado de brasileiros por ônibus. Só com esse aval os militares chavistas abrirão a passagem na fronteira. Autoridades locais falam em 25 mortos e mais de 80 feridos em confrontos na cidade de Santa Elena.

Luender Lucas, um dos filhos de Luciana, demonstra apreensão. “Eu consigo contato com ela, mas a preocupação é muito grande em ela ser hostilizada pelo fato de estar no meio de conflito entre os militares”. 

Posse 

Sucessor de Hugo Chávez, Nicolás Maduro venceu com quase 70% dos votos em maio de 2018. Contudo, a eleição foi acusada de irregularidades e boicotada pela oposição. 

Seu segundo mandato não tem reconhecimento da Assembleia Nacional Venezuelana e de diversos países. O Supremo venezuelano e a Força Armada Nacional Bolivariana têm apoio declarado. 

Oposição do chavismo, liderado pelo presidente interino autodeclarado, Juan Guaidó Juan Guaidó, tenta dar um golpe e assumir o poder na Venezuela.

O país passa por crise política e econômica que acarretou em problemas de abastecimento e hiperinflação. Os venezuelanos ainda deixam o país em busca de melhores condições de vida.  

Gazeta Digital

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