O ministro da Agricultura, senador licenciado Blairo Maggi (PP), admite que a sua saída da vida pública também foi motivada pela delação do seu ex-aliado e sucessor no Palácio Paiaguás Silval Barbosa. Com base na colaboração premiada “monstruosa”, a Procuradoria-Geral da República denunciou Blairo como líder do esquema de corrupção que se instalou em Mato Grosso entre 2006 e 2015.
“Não podemos esconder que a delação do Silval acaba judiando muito. Isso fez com que repensasse se vale a pena ou não fazer esse enfrentamento de estar na política. A conclusão foi que não vale e, por isso, vou ficar fora e vamos resolver os problemas”, disse o progressista antes do seminário “Ferrovias: o Brasil passa por aqui”, que acontece na Assembleia, nesta segunda (6).
Apesar dessa motivação, Blairo explica que na vida pública é preciso fazer enfrentamento todos os dias. Cita as investigações que acontecem no ministério da Agricultura, acerca da Operação Carne Fraca. “Meu pacote de velas está quase acabando, a gente não consegue comemorar uma coisa boa, que no outro dia vem outa ruim”, brinca.
Por isso, Blairo mantem-se firme no propósito de encerrar a vida pública, como foi anunciado em fevereiro. Sustenta ainda que a política nos últimos anos foi depreciada e quem tem ações em empresas cria dificuldade pela exposição da vida pública. “Além do aspecto familiar que você fica muito tempo longe da família. Então, em função de tudo isso e após 16 anos de vida pública, pretendo encerrar. Mas não vou dizer que nunca volto (para a vida pública), mas nesse período quero ficar fora”.
Eleição
Blairo Maggi
Com fim das convenções partidárias neste final de semana, Blairo afirma que se inícia um momento importante da política, que é a corrida pelo voto. “Precisamos estar atento às propostas, três candidatos fortes ao governo do Estado, temos uma eleição para presidente que precisa ser observada”.
Acerca das movimentações partidárias, Blairo explica que quem não está no meio acha estranho, pois na política cada eleição é organizado um “time” diferente. Por isso, até na última hora acontece alterações de palanques. Defende ainda que isso é natural, pois as siglas analisam a possibilidade de eleger mais deputados estaduais e federais, enquanto outras estão preocupadas na majoritária. “A política não é igual jogo de futebol que tem um time, no qual você ama perdendo ou ganhando, nunca troca desse time”.
Questionado se apoiará algum candidato, Blairo mantém o discurso de que pretende ficar neutro. Mas lembra do compromisso partidário que tem com o PP, em que ajudará a eleger deputados federais. Neste caso, o ministro é ligado ao candidato Neri Geller. De todo modo, afirma que não deve fazer grandes movimentações para apoiar A ou B. “Vou concluir minha passagem pelo ministério até 31 de dezembro, e estou indo de volta pra casa, em Cuiabá”.