FRAUDES NA SEDUC
Primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) teria recebido R$ 40 mil em propina, dinheiro desviado da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) no esquema que veio à tona com a deflagração da Operação Rêmora. A afirmação consta na delação do primo dele, o empresário Alan Malouf, que afirmou ter sido quem fez o pagamento e, segundo o qual, sem o parlamentar o esquema seria impossível.
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Em seus depoimentos no acordo de delação, Alan Malouf afirmou ter repassado o dinheiro ao primo deputado a pedido do empresário Giovani Guizardi. Na ocasião, Guizardi teria dito a Malouf que, sem o parlamentar os servidores Moisés Dias da Silva e Wander Luiz dos Reis, integrantes do “núcleo de servidores” do esquema, não teriam sido indicados aos cargos que ocupavam, o que inviabilizaria os desvios de recurso por meio das licitações fraudadas.
Na delação, Alan Malouf enquadra Guilherme Maluf no núcleo político do esquema, junto com o deputado federal Nilson Leitão (PSDB). Segundo o empresário, seu primo tinha direito a 25% de um total de 5% cobrado em propina sobre os contratos da Seduc. O restante do dinheiro era partilhado entre Leitão e próprio Malouf, que arrecadaria o recurso destinado às dívidas da campanha do governador Pedro Taques (PSDB).
Giovani Guizardi também firmou acordo de delação que foi anexado à delação de Alan Maluf. Nele, o empresário dá detalhes sobre a indicação de Wander Luiz dos Reis à Seduc. Guizardi contou que “soube” que a cadeira de superintendente de estrutura escolar na Pasta era indicação de Guilherme Maluf. Em certa ocasião, Alan Malouf teria ligado para o primo na presença de Guizardi e questionado quem seria o nome indicado, quando Guilherme Maluf falou de Wander.
Ainda conforme Guizardi, o esquema, que antes desviava 3% de propina, começou a desviar 5% quando Alan Malouf ingressou nele. A maior parte do valor ficaria com Guilherme Maluf, o então secretário de Educação, Permínio Pinto, e o próprio Malouf. Neste contexto, o parlamentar recebia por ser quem detinha “real poder político” sobre a Pasta, Permínio por ser o secretário e Malouf por “efetivamente” ter colocado dinheiro na campanha de Pedro Taques em 2014.
Segundo as investigações do Ministério Público Estadual (MP), cada integrante da quadrilha ocultava a participação do outro: o núcleo de servidores ocultava a participação do secretário de Educação, enquanto Permínio ocultava a participação dos demais, membros do núcleo político.
Outro lado
Em nota, o deputado Guilherme Maluf admitiu a indicação dos servidores, mas disse que foi uma indicação “técnica”. Segundo o parlamentar, as denúncias feitas contra ele são infundadas, sem absolutamente nenhuma prova apresentada.