Ele afirmou que algumas cirurgias de fato não foram realizadas, mas na realidade o que teria sido pago foram apenas as consultas e os exames feitos com os pacientes que acabaram desistindo do procedimento. Sávio disse que é muito comum um paciente desistir da cirurgia.
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Relatório do Conselho Estadual de Saúde, que originou investigação sobre possíveis irregularidades na Caravana da Transformação, aponta que a empresa 20/20 Serviços Médicos – que foi alvo de mandados de busca e apreensão na última segunda-feira (03), durante a ‘Operação Catarata’ – e o governo não registraram 14 mil procedimentos no Sistema Nacional de Regulação (Sisreg).
A empresa apresentou um valor de R$ 14,4 milhões em serviços. Porém, deste montante apenas R$ 12,3 foram aprovados. Ainda conforme o relatório, obtido pelo Olhar Direto, a principal diferença do montante está localizada no mês de março, onde foram apresentadas a quantidade de 5.713 cirurgias de cataratas e aprovadas somente 2.706, foram apresentadas 620 cirurgias de Yag Laser e aprovadas somente 262, menos da metade.
O secretário Domingos Sávio entendeu que houve um equívoco com relação às cobranças. O Estado teve acesso a alguns depoimentos e verificaram que alguns pacientes disseram que não realizaram a cirurgia (e de fato não foram submetidos ao procedimento), mas o Governo foi acusado de ter pagado.
“Quando o paciente chega na Caravana ele vai passar pela consulta, isso é um procedimento, faz os exames, é outro procedimento, aí ele recebe o indicativo de cirurgia e marca a data. Ele já fez a consulta, já fez os exames, marcou a data para uns dias depois. Nestes dias o paciente desiste, por medo, o que acontece muito. Aí ele é chamado para depor e questionam: ‘o senhor foi na caravana’, ‘fui’, ‘o senhor fez a cirurgia?’, ‘não fiz’, ‘por que o nome do senhor está aqui? O Estado pagou’”.
O secretário explicou que já verificaram a situação destes pacientes e confirmaram que apenas os procedimentos anteriores à cirurgia foram pagos.
“O estado tem que pagar, porque apesar dele não ter feito a cirurgia, ele fez o exame, fez a consulta. Destes pacientes não foram pagas as cirurgias, foram pagos os procedimentos. Quando você vai em uma clínica particular você paga a consulta para o médico e depois você vai pagar a cirurgia, é a mesma coisa na Caravana”.
Ele também falou sobre o questionamento do número de cirurgias realizadas, que foi alto. O secretário disse que a cirurgia é rápida, com duração média de oito minutos, e que conseguiam realizar cerca de 400 pacientes por minuto.
“Cada carreta da Caravana tem duas mesas de procedimento cirúrgico, que atende duas equipes, cada equipe desta tem a capacidade de fazer 100 cirurgias por dias. A média de duração de uma cirurgia é de oitp minutos. Em algumas localidades a Caravana trabalhou com duas carretas, portanto quatro mesas de cirurgia. Nós tivemos a capacidade de atender 400 pacientes por dia”.
Operação
Agentes do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) de Mato Grosso e São Paulo cumpriram mandados de busca de apreensão na Secretaria de Estado de Saúde e na empresa 20/20, no nome de Fábio Vieira da Silva, localizada em Ribeirão Preto (SP). A operação foi batizada de ‘Catarata’.
De acordo com o coordenador do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, promotor de Justiça Mauro Zaque, o objetivo da operação é apurar “fatos graves na execução do contrato da Caravana da Transformação no tocante aos serviços de oftalmologia”.
Os mandados de busca e apreensão foram deferidos pela juíza Célia Vidotti em ação cautelar proposta pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público de Cuiabá.
Caravana
A Caravana da Transformação foi implantada pelo governador Pedro Taques (PSDB), em 2016. O principal objetivo é zerar as filas de cirurgias oftalmológicas em todo o estado. Ao todo, já foram 14 edições. O chefe do Executivo e candidato à reeleição, tem falado com orgulho sobre o programa em suas entrevistas e debates.