Em meio à onda de protestos populares contra a atuação do ex-goleiro Bruno pelo Operário de Várzea Grande, patrocinadores do clube iniciaram um movimento de debandada. A mais recente perda do time foi a do patrocínio ofertado pela rede de móveis e eletrodomésticos mato-grossense Martinello. Bruno teve contrato assinado com atuação prevista já para o campeonato estadual deste ano.

Em nota, o grupo afirma que não permitirá, “por força de medidas judiciais”, que a equipe de futebol seja vinculada à empresa utilizando uniformes que contenham a marca. Também está vetada ao clube a concessão de entrevistas em frente ao painel da copatrocinadora do campeonato estadual “enquanto mantiver a decisão de integrar ao seu quadro o ex-atleta”.

Abaixo a nota

“A Eletromóveis Martinello, copatrocinadora do Campeonato Mato-grossense de Futebol de 2020, em função das notícias recentemente veiculadas sobre a possível participação no campeonato do “Goleiro Bruno”, condenado em 2013 por homicídio triplamente qualificado, vem a público esclarecer o seguinte:

É louvável que a comunidade proporcione nova chance a reeducandos. Nesse caso, porém, não se pode deixar de considerar a extrema gravidade do crime de feminicídio que ainda hoje choca e comove todo o país.

Embora seja lícito que o ex-atleta tenha pretensões de voltar ao trabalho e se reintegrar à sociedade, não concordamos que condenado por crime tão grave e torpe seja elevado ao patamar de ídolo esportivo, pois o esporte é para cidadãos exemplares que cultivam a vida, o respeito ao próximo e o espírito de equipe.

Não é nosso papel ou direito intervir nas decisões administrativas das equipes participantes do campeonato, mas não permitiremos, ainda que por força de medidas judiciais, que a equipe OPERÁRIO FUTEBOL CLUBE seja vinculada à nossa empresa utilizando uniformes que contenham a nossa marca ou que conceda entrevistas em frente ao painel com a nossa marca, enquanto mantiver a decisão de integrar ao seu quadro o ex-atleta em questão.

Em nossos 30 anos de história atuamos com convicção e vigor no incentivo ao esporte profissional e amador, patrocinando, apoiando e investindo em milhares de eventos em todos os 54 municípios mato-grossenses onde atuamos.

Em nossa empresa promovemos a igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres.

Seguiremos acreditando e investindo nos valores essenciais do esporte, cumprindo o nosso papel social de incentivar o desenvolvimento humano através das práticas esportivas.

Acima disso, seguiremos combatendo as injustiças e lutando pelo respeito e os direitos das mulheres”.

Cooperativa

No início da semana, a cooperativa de crédito Sicredi já havia tomado a mesma medida contrária à contratação de Bruno pelo Operário VG. Segundo a cooperativa, assim que foi confirmada a contratação, o Sicredi retirou apenas a marca, mas continua patrocinando o campeonato Mato-Grossense.

Ex-Flamengo

Em 2010, quando atuava pelo Flamengo, Bruno foi condenado a 22 anos e 3 meses pelo assassinato triplamente qualificado e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, com quem havia mantido um relacionamento, e pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho.  Seu corpo nunca foi encontrado.

Segundo as investigações, Bruno e o comparsa Macarrão arquitetaram o assassinato de Eliza e partes do seu corpo teria sido dada aos cachorros do ex-goleiro.