Médico que chorou na TV diz que esqueceu ser dono de empresa que atua no HR de Sorriso

28 de maio de 2017 - 00:58 | Postado por:

O ex-diretor técnico do Hospital Regional de Sorriso (a 420 km ao Norte de Cuiabá), Roberto Satoshi, um dos donos da empresa Roberto Satoshi Yoshida & Cia Ltda – ME acusada de receber pouco mais de R$ 3,2 milhões em contratos com o poder público de forma ilegal nos últimos dois anos e três meses, disse que se esqueceu de deixar a iniciativa privada antes de assumir as funções de médico e diretor na unidade estadual.

O médico deu entrevista à Rádio Sorriso, nesta sexta-feira (26), após o revelar a atividade irregular do ex-diretor do Hospital Regional, por ser dono de empresa contratada pelo Estado para prestar serviço à unidade. Satoshi Yoshida argumentou que montou a empresa com outros nove cirurgiões, que também atuam no hospital, para receber os salários referentes às Organizações Sociais de Saúde (OSS), sendo que depois disso, se esqueceu que tinha a empresa, que só nos três primeiros meses de 2017 faturou R$ 360 mil do Governo do Estado.

“Eu devia ter mudado o nome desde à época que saímos da OSS para fazer o contrato com o Estado, só que a gente trabalha e esquece dessa outra parte burocrática”, argumentou Satoshi.

Como o ex-diretor continuou recebendo salário de R$ 16 mil mensais como servidor efetivo e a empresa mantendo contrato miolinário com o setor público, ele violou o artigo 3º, inciso I da Resolução Normativa 311/2012 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que proíbe pessoas que estejam impedidas por lei especial – neste caso o Estatuto do Servidor – de exercerem o cargo em empresas privadas. Estatuto do Servidor determina que é proibido qualquer servidor estadual de “participar de gerência ou administração de empresa privada, de sociedade civil, ou exercer comércio e, nessa qualidade, transacionar com o Estado”. O caso é ainda mais grave quando a empresa atua no mesmo local onde o servidor é chefe do setor.

“Seria ilegal se eu fosse o dono da empresa ou administrador da empresa, mas eu só tenho 5%”, rebateu o ex-diretor do hospital.

Segundo dados do Sistema de Integrado de Planejamento, Contabilidade e Finanças (Fiplan) desde 2015 a empresa recebeu pouco mais de R$ 3,2 milhões em contratos. Os dados foram confirmados pelo próprio Satoshi.

“Nossa empresa tem um contrato de R$ 120 mil por mês, o que dá R$ 900 por plantão de 12 horas, é o menor valor que temos no hospital”, minimizou.

“Nossa empresa tem um contrato de R$ 120 mil por mês, o que dá R$ 900 por plantão de 12 horas, é o menor valor que temos no hospital”, minimizou.

O médico e empresário destacou que atualmente o Governo deve R$ 360 mil à prestadora de serviço. No entanto, ele nega  que o choro na TV, em entrevista em que reclamava da situação do hospital, tenha sido apenas encenação como forma de constranger e forçar o Executivo a quitar o débito com sua empresa fornecedora, que atua em atividades de atendimento em pronto-socorro e unidades hospitalares, para atendimento à urgência em unidades de saúde .

“Eles já ficaram seis meses sem nos pagar e continuamos trabalhando normalmente. Como o deputado [Gilmar Fabris] disse que estamos em maio ainda, mas eles nos devem desde fevereiro”, declarou.

Denúncias

Nesta sexta-feira, o deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) também afirmou que encaminhará ao Ministério Público do Estado (MPE) e ao Conselho Regional de Medicina (CRM) os documentos que comprovam que o ex-diretor técnico Roberto Satoshi recebeu dinheiro de forma ilegal .

Chorou na TV

Roberto Satoshi foi destaque nos principais veículos de comunicação do Estado, no início da semana após chorar enquanto afirmava que os pacientes do Hospital Regional de Sorriso iriam ficar sem comida e sem gás medicinal devido ao atraso nos repasses. As dívidas da unidade podem alcançar os R$ 874 mil. Depois da repercussão, o Governo do Estado anunciou o pagamento de R$ 70 milhões aos hospitais regionais e unidades de saúde. A dívida total com a Saúde chega a R$ 162 milhões, que devem ser equacionados até o dia 2 de junho.

 

Fonte: Reporter MT

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